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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TEXTO: CORRUPÇÃO CULTURAL OU ORGANIZADA - RENATO JANINE RIBEIRO.

Corrupção cultural ou organizada?
Renato Janine Ribeiro

Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção.

Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito frequente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política — por sinal, praticada por gente eleita por nós.

Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não.

Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais, mas não éticas. É desse universo que trato. O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada — que mencionei acima — não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo).

Chamei-a de “corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura.

Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos — e mal deixa rastros. A corrupção “cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado.

Mas nem a tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor — gastos não republicanos — montam um complô. Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados — da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito especializados.

O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos esquecendo a enorme dimensão da corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada.

Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser pego com dificuldade.

Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia — e trate de esconder bem os caminhos que levam a seus negócios.

Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna “blasé”. Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos. Porque a república é o regime por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, altamente pedagógicos.

Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que uma formação ética nos faz sentir pelo crime em geral.

Mas falar só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais raro, teve há pouco um governo cujo vice-presidente favoreceu, antieticamente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque.

A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atrasado”. Porém, se pensarmos que corrupção mata — porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança —, então a mais homicida é a corrupção estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente.

Folha de S. Paulo, 28/6/2009.
Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de República (Publifolha. Coleção Folha Explica).

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: CONTOS CLÁSSICOS.

SEQUENCIA DIDÁTICA

GÊNERO: CONTOS CLÁSSICOS

SÉRIE: 7ª série

ÁREA DE CONHECIMENTO: Língua Portuguesa

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM:

  • Recuperar as características que compõem a descrição de objetos(adjetivos), fenômenos, cenários, épocas, pessoas / personagens, tempo, espaço, comparação com a atualidade;
  • Interpretar o ponto de vista das personagens e do narrador.
  • Respeitar as diferentes variedades lingüísticas faladas ( dialetos);
  • Reconhecer as características dos gêneros propostos, bem como relações entre título, subtítulo e corpo do texto ( seus elementos);
  • Correlacionar causa e efeito, problema e solução, fato e opinião relativas aos gêneros estudados e suas intenções
  • Recuperar informações explícitas e implícitas, inferindo sentido de palavras ou expressões a partir do contexto.
  • Examinar em textos o uso de primeira ou terceira pessoa e implicações no processo enunciativo.( narração em 1ª e 3ª pessoas – uso e função)
  • Reconhecer os efeitos de sentido provocados pela combinação, no texto, de seqüências narrativas, descritivas, expositivas, conversacionais, instrucionais ou argumentativas.
  • Estabelecer relações intertextuais entre o texto e outros a que ele se refere.
  • Produzir textos dos gêneros estudados, levando em conta: coerência, coesão, intencionalidade, situcionalidade e heterogeneidade.
  • Revisar e editar o texto focalizando os aspectos estudados na análise e reflexão sobre a língua e a linguagem. (estudo lingüístico)
  • Realizar rodas de leitura oral adotando o papel de ouvinte atento ou de locutor cooperativo durante as exposições (debate)

ETAPAS:

  1. Inicie a aula interpretando um conto, fazendo com que os alunos mergulhem e viajem na história;
  2. Peça aos alunos que formem um círculo. Espalhe, entre eles, diferentes exemplares de livros ou textos de contos clássicos. Deixe-os manusear livremente;
  3. Em seguida, o professor deverá contextualizar o trabalho, possibilitando a expressão oral, com o intuito de relembrar os contos que conhecem. Fazendo a seguinte abordagem:
    • Desses contos, quais vocês conhecem?
    • Quem lembra a historia de pelo menos um desses contos?
    • E os personagens, quem são?
  4. Realizar a leitura do texto: “ O rouxinol e as rosas”( ou outro texto que melhor contemple a maturidade ou o perfil de leitura da série). Levantamento de hipóteses acerca do assunto do texto;
    • Você conhece o conto “O rouxinol e as rosas”?
    • Se sim, vocês leram, assistiram ou apenas ouviram falar sobre ele?
    • Como é, resumidamente, a história deste conto?
    • O que acham deste conto?
    • Vocês gostam deste conto?
  1. Registrar as hipóteses levantadas pelos alunos ( lousa/ cartaz), elementos do gênero;
  1. Entregar o texto numa folha para cada um dos alunos. Pedir que façam a leitura silenciosa e posteriormente a leitura compartilhada junto com a professora.
  • Levantar as seguintes questões:
  • Se as hipóteses anteriores à leitura foram confirmadas;
  • Qual é o tema do texto?
  • Quem são os personagens?
  • Qual o cenário? Onde se passa a história?
  1. Pedir para os alunos preencherem o quadro

Conto: O rouxinol e as rosas

Situação inicial

Conflito

Clímax

Desfecho

Tempo/ espaço

Personagens

(Aproveite esse momento para sistematizar as características do gênero. Faça um cartaz escrevendo as principais características).

  1. Diga para os alunos que eles irão ler o conto “Conto de escola”- Machado de Assis.
  2. Pergunte aos alunos se eles conhecem o autor. Leia a biografia do autor, citando alguns livros de sua autoria;
  3. Em seguida faça algumas previsões:
  • A que nos remete o título do conto?
  • O título cria expectativas sobre o tema? Sobre o que falaríamos num “Conto de
  • Escola”?
  • O título traz informações suficientes para que possamos descobrir, de imediato, qual o assunto tratado por Machado de Assis nesse conto? Justifique a sua resposta fazendo suposições pertinentes.
  • Do seu ponto de vista, o título deixa entrever do que se trata ou é enigmático?

Justifique sua resposta.

  1. Faça a leitura do conto:

  • Após a leitura Suas expectativas foram confirmadas? Por quê?
  • O título do conto é pertinente em relação as idéias (assunto) apresentadas no

texto?

  • Qual a temática desenvolvida por Machado de Assis neste conto? Busque, no

texto, elementos que comprovem sua resposta.

11) Peça para que os alunos façam novamente a leitura do texto e busquem as seguintes informações:

  • Identifique os personagens, os lugares onde os fatos acontecem, o momento, o

narrador.

  • O foco narrativo é o ponto de vista que o narrador se utiliza para contar um

fato. Observe o foco narrativo do Conto de Escola e responda:

  • Como o narrador conta o fato? Ele participa das ações ou somente conta a

história? Como isso está marcado no texto? Exemplifique.

12) Peça para os alunos preencherem o quadro:

Conto: Conto de escola

Situação inicial

Conflito

Clímax

Desfecho

Tempo/ espaço

Personagens

Obs. Discutir com os alunos a importância de desfecho, se criariam outro, se gostaram ou não.

    1. Um conto, duas versões: Pergunte aos alunos se eles já ouviram ou leram diferentes versões sobre um mesmo acontecimento.Informe que eles irão ler dois contos “Bicho de Palha” e “Capa de Junco”, que são duas versões do Conto “A gata borralheira”.
    2. Peça que leiam silenciosamente as duas versões e encontrem as seguintes questões:
  • Quais são as personagens principais?
  • O que acontece na história?
  • Em que tempo e lugar se passa a história narrada?
  • De que o autor está falando?
  • Compare as narrativas, destacando as semelhanças e diferenças (personagens, ambiente, complicação, desfecho) entre outros.

SEMELHANÇAS

As protagonistas são:

DIFERENÇAS

BICHO DE PALHA

CAPA DE JUNCO




15) Peça para os alunos escreverem uma terceira versão da história, levando em conta as características do gênero conto( situação inicial, desfecho...)

16) Realize uma revisão dos textos;

17)Para finalizar: Os alunos podem organizar uma coletânea ou um sarau apresentando as novas versões do conto.

18) A partir do conhecimento do gênero, dos elementos e recursos, produzir um conto em 1ª ou 3ª pessoa; após revisado, fazer uma roda para leitura da produção dos alunos;

Obs. Aproveite sempre cada texto para trabalhar recursos lingüísticos, especialmente os essenciais ao gênero e a produção textual.








O ROUXINOL E A ROSA- OSCAR WILDE

- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas – exclamou o Estudante – mas estamos no inverno e não há uma única rosa no jardim...

Por entre as folhas, do seu ninho, no carvalho, o Rouxinol o ouviu e, vendo-o ficou admirado...

_ Não há nenhuma rosa vermelha no jardim! – disse o Estudante, com os olhos cheios de lágrimas. – Ah! Como a nossa felicidade depende de pequeninas coisas! Já li tudo quanto os sábios escreveram. A filosofia não tem segredos para mim e, contudo, a falta de uma rosa vermelha é a desgraça da minha vida.

Eis, afinal, um verdadeiro apaixonado! – disse o Rouxinol. Tenho cantado o Amor noite após noite, sem conhecê-lo no entanto; noite após noite falei dele às estrelas, e agora o vejo... O cabelo é negro como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que deseja; mas o amor pôs-lhe na face a palidez do marfim e o sofrimento marcou-lhe a fronte.

_ Amanhã à noite o Príncipe dá um baile, murmurou o Estudante, e a minha amada se encontrará entre os convidados. Se levar uma rosa vermelha, dançará comigo até a madrugada. Somente se lhe levar uma rosa vermelha... Ah... Como queria tê-la em meus braços, sentir-lhe a cabeça no meu ombro e a sua mão presa a minha. Não há rosa vermelha em meu jardim... e ficarei só; ela apenas passará por mim... Passará por mim... e meu coração se despedaçará.

_ Eis um verdadeiro apaixonado... – pensou o Rouxinol. – Do que eu canto, ele sofre. O que é dor para ele é alegria para mim. Grande maravilha, na verdade, é o Amar! Mais precioso que esmeraldas e mais caro que opalas finas. Pérolas e granada não podem comprá-lo, nem se oferece nos mercados. Mercadores não o vendem, nem o conferem em balanças a peso de ouro.

_ Os músicos da galeria – prosseguiu o Estudante – tocarão nos seus instrumentos de corda e, ao som de harpas e violinos, minha amada dançará. Dançará tão leve, tão ágil, que seus pés mal tocarão o assoalho e os cortesãos, com suas roupas de cores vivas, reunir-se-ão em torno dela. Mas comigo não bailará, porque não tenho uma rosa vermelha para dar-lhe... – e atirando-se à relva, ocultou nas mãos o rosto e chorou.

_ Por que está chorando? – perguntou um pequeno lagarto ao passar por ele, correndo, de rabinho levantado.

_ É mesmo! Por que será? – Indagou uma borboleta que perseguia um raio de sol.

_ Por quê? – sussurrou uma linda margarida à sua vizinha.

_ Chora por causa de uma rosa vermelha, - informou o Rouxinol.

_ Por causa de uma rosa vermelha? – exclamaram – Que coisa ridícula! E o lagarto, que era um tanto irônico, riu à vontade.

Mas o Rouxinol compreendeu a angústia do Estudante e, silencioso, no carvalho, pôs-se a meditar sobre o mistério do Amor.

Subitamente, abriu as asas pardas e voou.

Cortou, como uma sombra, a alameda, e como uma sombra, atravessou o jardim.

Ao centro do relvado, erguia-se uma roseira. Ele a viu. Voou para ela e posou num galho.

_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu cantarei para ti a minha mais bela canção!

_ Minhas rosas são brancas; tão brancas quanto a espuma do mar, mais brancas que a neve das montanhas. Procura minha irmã, a que enlaça o velho relógio-de-sol. Talvez te ceda o que desejas.

Então o Rouxinol voou para a roseira, que enlaçava o velho relógio-de-sol.

_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu te cantarei minha canção mais linda.

A roseira sacudiu-se levemente.

_ Minhas rosas são amarelas como as cabelos dourados das donzelas, ainda mais amarelas que o trigo que cobre os campos antes da chegada de quem o vai ceifar. Procura a minha irmã, a que vive sob a janela do Estudante. Talvez ela possa te possa ajudar.

O Rouxinol então, dirigiu o vôo para a roseira que crescia sob a janela do Estudante.

_ Dá-me uma rosa vermelha – pediu - e eu te cantarei a mais linda de minhas canções.

A roseira sacudiu-se levemente.

_ Minhas rosas são vermelhas, tão vermelhas quanto os pés das pombas, mais vermelhas que os grandes leques de coral que oscilam nos abismos profundos do oceano. Contudo, o inverno regelou-me até as veias, a geada queimou-me os botões e a tempestade quebrou-me os galhos. Não darei rosas este ano.

_ Eu só quero uma rosa vermelha, repetiu o Rouxinol, - uma só rosa vermelha. Não haverá meio de obtê-la?

_ Há, respondeu a Roseira, mas é meio tão terrível que não ouso revelar-te.

_ Dize. Não tenho medo.

_ Se queres uma rosa vermelha, explicou a roseira, hás de fazê-la de música, ao luar, tingi-la com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim com o peito junto a um espinho. Cantarás toda a noite para mim e o espinho deve ferir teu coração e teu sangue de vida deve infiltrar-se em minhas veias e tornar-se meu.

_ A morte é um preço exagerado para uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a Vida é preciosa... É tão bom voar, através da mata verde e contemplar o sol em seu esplendor dourado e a lua em seu carro de pérola...O aroma do espinheiro é suave, e suaves são as campânulas ocultas no vale, e as urzes tremulantes na colina. Mas o Amor é melhor que a Vida. E que vale o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?

Abriu as asas pardas para o vôo e ergueu-se no ar. Passou pelo jardim como uma sombra e, como uma sombra, atravessou a alameda.

O Estudante estava deitado na relva, no mesmo ponto em que o deixara, com os lindos olhos inundados de lágrimas.

_ Rejubila-te – gritou-lhe o Rouxinol – Rejubila-te; terás a tua rosa vermelha. Vou fazê-la de música, ao luar. O sangue de meu coração a tingirá. Em conseqüência só te peço que sejas sempre verdadeiro amante, porque o Amor é mais sábio do que a Filosofia; mais poderoso que o poder.. Tem as asas da cor da chama e da cor da chama tem o corpo. Há doçura de mel em seus braços e seu hálito lembra o incenso.

O Estudante ergueu a cabeça e escutou. Nada pode entender, porém, do que dizia o Rouxinol, pois sabia apenas o que está escrito nos livros.

Mas o Carvalho entendeu e ficou melancólico, porque amava muito o pássaro que construíra ninho em seus ramos.

_ Canta-me um derradeiro canto – segredou-lhe – sentir-me-ei tão só depois da tua partida.

Então o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz fazia lembrar a água a borbulhar de uma jarra de prata.

Quando o canto finalizou, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderninho de notas e um lápis.

_ Tem classe, não se pode negar – disse consigo – atravessando a alameda. Mas terá sentimento? Não creio. É igual a maioria dos artistas. Só estilo, sinceridade nenhuma. Incapaz de sacrificar-se por outrem. Só pensa e cantar e bem sabemos quanto a Arte é egoísta. No entanto, é forçoso confessar, possui maravilhosas notas na voz. Que pena não terem significação alguma, nem realizarem nada realmente bom!

Foi para o quarto, deitou-se e, pensando na amada, adormeceu.

Quando a lua refulgia no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e apoiou o peito contra o espinho. Cantou a noite inteira e o espinho mais e mais foi se enterrando em seu peito, e o sangue de sua vida lentamente se escoou...

Primeiro descreveu o nascimento do amor no coração de um menino e uma menina; e, no mais alto galho da Roseira, uma flor desabrochou, extraordinária, pétala por pétala, acompanhando um canto e outro canto. Era pálida, a princípio, qual a névoa que esconde o rio, pálida qual os pés da manhã e as asas da alvorada. Como sombra de rosa num espelho de prata, como sombra de rosa em água de lagoa era a rosa que apareceu no mais alto galho da Roseira.

Mas a Roseira pediu ao Rouxinol que se unisse mais ao espinho. – Mais ainda, Rouxinol, - exigiu a Roseira, - senão o dia raia antes que eu acabe a rosa.

O Rouxinol então apertou ainda mais o espinho junto ao peito, e cada vez mais profundo lhe saía o canto porque ele cantava o nascer da paixão na alma do homem e da mulher.

E tênue nuance rosa nacarou as pétalas, igual ao rubor que invade a face do noivo quando beija a noiva nos lábios.

CONTO DE ESCOLA

Machado de Assis

A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840.Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio - deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant'Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição comercial, e tinha ânsia de

me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro.

Citava-me nomes de capitalistas que tinham começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes. Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada, calça branca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinqüenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu da jaqueta a boceta de rapé e o lenço vermelho, pô-los

na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os meninos, que se conservaram de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; começaram os trabalhos.

- Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre.

Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinqüenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.

- O que é que você quer?

- Logo, respondeu ele com voz trêmula.

Começou a lição de escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados da escola; mas era. Não digo também que era dos mais inteligentes, por um escrúpulo fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas não tenho outra convicção. Note-se que não era pálido nem mofino: tinha boas cores e músculos de ferro. Na lição de escrita, por exemplo, acabava sempre antes de todos, mas deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tábua, ocupação sem nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingênua. Naquele dia foi a mesma coisa; tão depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não lhes punha esses nomes, pobre estudante de primeiras letras que era; mas, instintivamente, dava-lhes essas expressões. Os outros foram acabando; não tive remédio senão acabar também, entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma coisa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos. - Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.

- Não diga isso, murmurou ele. Olhei para ele; estava mais pálido. Então lembrou-me outra vez que queria pedir-me alguma coisa, e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um pouco; era uma coisa particular.

- Seu Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos.

- Que é?

- Você...

- Você quê?

Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa circunstância, pediu alguns minutos mais de espera. Confesso que começava a arder de curiosidade.

Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser uma simples curiosidade vaga, natural indiscrição; mas podia ser também alguma coisa entre eles. Esse Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos, era mais velho que nós.

Que me quereria o Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito, falando lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era, que ninguém cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde...

- De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.

- Então agora...

- Papai está olhando.

Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia devagar, mastigando as idéias e as paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da Regência, e que era grande a agitação pública. Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória. E essa lá estava, pendurada do portal da janela,

à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas dominassem nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correção.

Naquele dia, ao menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos de quando em quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e lia a valer.

No fim de algum tempo - dez ou doze minutos - Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim.

- Sabe o que tenho aqui?

- Não.

- Uma pratinha que mamãe me deu.

- Hoje?

- Não, no outro dia, quando fiz anos...

- Pratinha de verdade?

- De verdade.

Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze vinténs ou dois tostões, não me lembro; mas era uma moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no coração. Raimundo revolveu em mim o olhar pálido; depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-lhe que estava caçoando, mas ele jurou que não.

- Mas então você fica sem ela?

- Mamãe depois me arranja outra. Ela tem muitas que vovô lhe deixou, numa caixinha; algumas são de ouro. Você quer esta?

Minha resposta foi estender-lhe a mão disfarçadamente, depois de olhar para a mesa do mestre. Raimundo recuou a mão dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida propôs-me um negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lição de sintaxe. Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a proposta esfregando a pratinha nos joelhos...

Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma idéia antes própria de homem; não é também que não fosse fácil em empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e dinheiro, compra franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para ele, à toa, sem poder dizer nada.

Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a coisa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes, mas parece que era lembrança das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada, e não aprender como queria, - e pode ser mesmo que em alguma ocasião lhe tivesse ensinado mal, - parece que tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo contava com o favor, - mas queria assegurar-lhe a eficácia, e daí recorreu à moeda que a mãe lhe

dera e que ele guardava como relíquia ou brinquedo; pegou dela e veio esfregá-la nos

joelhos, à minha vista, como uma tentação... Realmente, era bonita, fina, branca, muito branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma coisa, um cobre feio, grosso, azinhavrado...

Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz. - Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado aos jornais, lendo com fogo, com indignação...

- Tome, tome...

Relancei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo em nós; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-me que o outro nos observava, então dissimulei; mas daí a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e - tanto se ilude a vontade! - não lhe vi mais nada.

Então cobrei ânimo.

- Dê cá...

Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das calças, com um alvoroço que não posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha à perna.

Restava prestar o serviço, ensinar a lição e não me demorei em fazê-lo, nem o fiz mal, ao menos conscientemente; passava-lhe a explicação em um retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas contanto que ele escapasse ao castigo, tudo iria bem.

De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com um riso que me pareceu mau. Disfarcei; mas daí a pouco, voltando-me outra vez para ele, acheio do mesmo modo, com o mesmo ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco, impaciente. Sorri para ele e ele não sorriu; ao contrário, franziu a testa, o que lhe deu um aspecto ameaçador. O coração bateu-me muito.

- Precisamos muito cuidado, disse eu ao Raimundo.

- Diga-me isto só, murmurou ele.

Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso, lembrava-me o contrato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois, tornei a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso, dantes mau, estava agora pior.Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o

mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.

- Oh! seu Pilar! bradou o mestre com voz de trovão.

Estremeci como se acordasse de um sonho, e levantei-me às pressas. Dei com o mestre, olhando para mim, cara fechada, jornais dispersos, e ao pé da mesa, em pé, o Curvelo. Pareceu-me adivinhar tudo.

- Venha cá! bradou o mestre.

Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela consciência dentro um par de olhos pontudos; depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado; ninguém mais lia, ninguém fazia um só movimento. Eu, conquanto não tirasse os olhos do mestre, sentia no ar a curiosidade e o pavor de todos.

- Então o senhor recebe dinheiro para ensinar as lições aos outros? disse-me o Policarpo.

- Eu...

- Dê cá a moeda que este seu colega lhe deu! clamou.

Não obedeci logo, mas não pude negar nada. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de novo que lhe desse a moeda, e eu não resisti mais, meti a mão no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-lha. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de raiva; depois estendeu o braço e atirou-a à rua. E então disse-nos uma porção de coisas duras, que tanto o filho como eu acabávamos de praticar uma ação feia, indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo íamos ser castigados. Aqui pegou da palmatória.

- Perdão, seu mestre... solucei eu.

- Não há perdão! Dê cá a mão! Dê cá! Vamos! Sem-vergonha! Dê cá a mão!

- Mas, seu mestre...

- Olhe que é pior!

Estendi-lhe a mão direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros, até completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e inchadas.

Chegou a vez do filho, e foi a mesma coisa; não lhe poupou nada, dois, quatro, oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio apanharíamos tal castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E exclamava: Porcalhões! tratantes! faltos de brio!Eu, por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém, sentia todos osolhos em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigado pelos impropérios do mestre.

Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ninguém faria igual negócio.

Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não olhei logo para ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que saíssemos, tão certo como três e dois serem cinco. Daí a algum tempo olhei para ele; ele também olhava para mim, mas desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se e entrou a ler em voz alta; estava com medo. Começou a variar de atitude, agitando-se à toa, coçando os joelhos, o nariz. Pode ser até que se arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma coisa?

- Tu me pagas! tão duro como osso! dizia eu comigo.

Veio a hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do colégio; havia de ser na Rua larga São Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde faltou à escola. Em casa não contei nada, é claro; mas para explicar as mãos inchadas, menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha sabido a lição. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da denúncia como o da moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara, sem medo nem escrúpulos...

De manhã, acordei cedo. A idéia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia estava esplêndido, um dia de maio, sol magnífico, ar brando, sem contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha...

Saí de casa, como se fosse trepar ao trono de Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...

Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma coisa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E, contudo, a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...


APOSTILA DE CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS - SINTAXE - TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO.

Exercícios (Conhecimentos Linguísticos – Sintaxe)

1) Leia o trecho do romance de Graciliano Ramos.

Não se conformou: deveria haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passara a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! [...]

Graciliano Ramos. Vidas secas.

Rio de janeiro: Record, 2008, pág.94.

a ) Considerando o aspecto sonoro, que tipo de frase mais aparece no trecho?

b) Indique as frases exclamativas do trecho.

c) O que expressam essas frases exclamativas?

d) Agora, copie do trecho a frase interrogativa e transforme-a em frase declarativa afirmativa. Explique a diferença que há entre as duas.

2) As frases a seguir indicam situações que podemos vivenciar em nosso cotidiano. Diante de cada situação, como as pessoas envolvidas poderiam se expressar? Construa uma frase verbal e uma nominal para cada situação.

a) Paulo encontra-se no hospital. De repente ouve alguém gritar que há um incêndio no prédio. Ele também quer avisar as outras pessoas.

b) Em plena aula de redação, Carlos, que tinha muita dificuldade para elaborar um texto, recebe um elogio da professora.

c) Um político, conhecido pelos seus hábitos de corrupção, passeia tranquilamente em um Shopping Center. Algumas pessoas sentem-se indignadas com a presença dele e resolvem expressar essa indignação.

d) Na maioria das grandes cidades, há um fluxo muito grande de carros, o que tem contribuído para a lentidão do transito. Você é um cidadão preocupado com os problemas de sua cidade e resolve mandar um recado aos motoristas.

3)Leia:

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aros, com fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. [...] Clarice Lispector. A legião estrangeira.

São Paulo, Siciliano, 1992, pág.9.

a) No trecho, encontramos frases verbais?

b) Que classe gramatical predomina nas frases transcritas ?

c) Como estas frases se classificam quanto ao aspecto morfológico?

4) Toda frase verbal é também um período. Leia os períodos do trecho a seguir:

[...] Começa com um índio tocando flauta na selva. E as índias jovens ouviam-no. Saí para procurar ver quem era o guapo índio que a tocava foi só um passo. O segundo passo foi encontrar o músico e cair para trás com uma bruta decepção. Elas, tolinhas, achavam que coisa bonita só pode vir de gente bonita. E caprichosas, malcriadas, empurravam o índio feio para fora da clareira, ele então fugiu [...]

Clarice Lispector. Como nasceram as estrelas: doze lendas.

Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1987.

a) Destaque os verbos e as locuções verbais.

b) Classifique estes períodos. Justifique.

c) “Começa com um índio tocando flauta na selva.” Pode-se dizer que essa frase é também uma oração? Explique.

5) Observe o anúncio da Bayer:

Projetos Vencedores

* Criação da 1ª Reserva Particular de Patrimônio Natural Urbana brasileira, em Cascatinha, Curitiba (PR).

* Agendas Civis para a Amazônia: perspectivas para o futuro desta região.

* Agindo localmente, pensando globalmente: conscientização ambiental na comunidade de Patrocínio (MG).

* Estudo hidrológico comparativo na região serrana sul brasileira: uma ponte entre os recursos hídricos e florestais.

Os Autores destes quatro projetos vão representar o ambientalismo brasileiro no encontro Internacional dos Jovens Embaixadores Ambientais. Saiba mais informações em www.bayer.com.br

Bayer Yong Environmental Enjoy

a) A maioria das frases que aparecem no anúncio são frases nominais. Justifique.

b) ”Os autores destes quatro projetos vão representar o ambientalismo brasileiro no Encontro Internacional dos jovens Embaixadores Ambientais.”.

*É uma frase verbal ou nominal? Por quê?

*Essa frase constitui um período simples ou composto?

6) Classifique os períodos em Simples ou Compostos:

a) Na plataforma da rodoviária, Irene espera o namorado em vão, com as passagens na mão e um olhar muito triste.

b) ”E era uma história feita de coisas eternas e irredutíveis: de ouro, amor, liberdade, traições[...]” (Cecília Meireles).

c) A gravidez na adolescência é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil.

d)”João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, embora goste de ficar perto da gente [...]” (Rubem Braga).

e) ”[...] Minhas palavras são extensões do meu corpo [...]” (Rubem Alves).

Quais deles são formados de oração absoluta? Explique.

7) Releia o período:

”João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, embora goste de ficar perto da gente [...]”. Quantas orações há nesse período?

8) Leia o trecho e observe os verbos destacados:

“A dona esperava impaciente sob o guarda sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa nudez que nem pai nem mãe compreenderiam [...]. Clarice Lispector. A legião estrangeira.

São Paulo. Ática, 1989 pág. 60.

a) Qual é o sujeito de cada um dos verbos ?

b) Classifique esses sujeitos.

c) ”O basset ruivo afinal despregou-se da menina [...].” Qual é o núcleo do sujeito dessa oração?

d) A partir da oração do exercício anterior, elabore uma outra transformando o sujeito simples em composto.

e) Quantos predicados verbais há no trecho? Transcreva-os.

f) Quantos predicados nominais há no trecho? Transcreva-os.

g) Quantos predicados verbos-nominais há no trecho? Transcreva-os.

9) Leia os versos a seguir:

Mundo grande

[...] Sim, meu coração é muito pequeno.

Só agora vejo que nele não cabem os homens.

Os homens estão cá fora, estão na rua.

A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.

Mas também a rua não cabe todos os homens.

A rua é menor que o mundo

O mundo é grande [...]

Carlos Drummond de Andrade. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, págs. 73-74.

a) Em cada verso há uma ou duas orações (períodos). Informe os verbos dessas orações com seus respectivos sujeitos. Classifique-os.

b) Quantos versos há na poesia e quantas estrofes ?

c) Que tipo de sujeito predomina nos versos ?

d) Considerando a posição do sujeito, em que ordem se encontra o último verso do poema ?

e) No 1° verso desse trecho, qual é o núcleo do sujeito ? A que classe de palavra pertence?

f) Indique um PV e PN, retirados da poesia e se núcleo.

10) Leia algumas manchetes publicadas no jornal folha de São Paulo, no dia 04 de maio de 2007.

Em seguida, aponte o sujeito de cada uma delas, indique os núcleos e classifique esses sujeitos.

a) ”Aposentadoria é sonho para agricultores da China”.

b) ”Geopolítica do foguete volta à moda”.

c) ”Panorama para mulheres evolui aos poucos no país”.

d) ”Ocupação feminina chega a 56% no ensino superior”.

e) ”Pela lei, comprador e vendedor respondem juntos por defeitos”.

f) ”Bolsas perdem dois PIBs do Brasil”.

11) As orações a seguir possuem um mesmo tipo de estrutura em relação ao sujeito. Que estrutura é essa? Justifique sua resposta.

a) Havia muitos casos estranhos naquele jornal.

b) No momento da explosão, fazia muito calor na sala.

c) Bem, ainda é muito cedo!

d) Deve haver maus políticos envolvidos no escândalo.

e) Está chovendo muito neste verão.

12) Releia a primeira oração do exercício anterior:

“Havia muitos casos estranhos naquele jornal.”

a) Escreva essa oração mudando o verbo haver pelo verbo existir.

b) Que mudança ocorreu?

c) Classifique o sujeito da oração transformada.

13) Releia os períodos a seguir:

*Em seus momentos mais aflitos, os garotos corriam pela floresta; eles gritavam o nome do instrutor, choravam e tentavam achar o caminho de volta para casa.

*Naquela tarde chuvosa, receberam o salário e logo foram comprar os alimentos de que necessitavam.

*Não podia ser um momento mais propício do que aquele em que fizeram a reivindicação por melhores condições de trabalho.

a) Nos três períodos, há orações com verbos flexionados na terceira pessoa do plural. Em apenas um deles, o sujeito dessa forma verbal não é indeterminado. Indique o período e diga por que.

b) Escreva as orações com sujeitos indeterminados, de forma que os sujeitos se tornem determinados.

14) Leia o trecho:

[...] Genoveva acendeu uma vela. Depois foi sentar-se na soleira da porta e pediu-lhe que contasse alguma coisa das terras por onde andara. Deolindo recusou a princípio; disse que se ia embora, levantou-se e deu alguns passos na sala. Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo e ele voltou a sentar-se, parar dizer duas ou três anedotas de bordo. Genoveva escutava com atenção. Interrompidos por uma mulher da vizinhança, que ali veio, Genoveva fê-la sentar-se também para ouvir ”as bonitas histórias que o senhor Deolindo estava contando, não houve outra apresentação. [...]

Machado de Assis. Contos

São Paulo: FTD 2002 pg.137.

a) Indique e classifique o sujeito dos verbos acender, sentar-se e pedir.

b) Indique que personagem os sujeitos elípticos (ocultos) dos verbos dizer, ir, levantar-se e dar representam.

c) Releia o trecho:

“Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo e ele voltou a sentar-se, parar dizer duas ou três anedotas de bordo.”

*Qual o sujeito dos verbos destacados?

*O pronome ele (determinado e não oculto), sujeito simples de “voltou a sentar-se”, refere-se a que personagem?

d) Em “que ali veio”, qual é a classe gramatical do termo destacado? A quem ele se refere e qual sua função sintática?

e) Identifique, no trecho, a única oração sem sujeito e justifique sua ausência.

15) Copie o sujeito das orações abaixo, circule seu núcleo quando houver e classifique-o:

a) Ontem faltou apenas um professor.

b) Naquela rua, ocorreu um acidente ontem.

c) Na segunda-feira, chegou uma visita para nós.

d) Naquela enchente, morreu uma criança.

e) Já deu uma hora.

Obs.: Os sujeitos dos períodos acima estão na ordem inversa.

f) Aquele senhor não conseguiu entrar no ônibus.

g) Voltem para casa mais cedo, meninas!

h) Durante o jantar, caíram pratos e copos no chão.

i) Instalaram uma nova emissora de rádio na cidade.

j) Na primavera, sempre há muitas flores nos jardins e árvores.

l) No clube, só se fala do campeonato de vôlei.

m) Com o frio, geou em muitas cidades do Sul.

n) Nossa, como faz calor no Nordeste.

o) Que fazes aqui, sozinha, a esta hora ?

Obs.: Os sujeitos dos períodos acima podem estar na ordem direta ou inversa.

16) Leia um trecho da música “A banda” de Chico Buarque de Hollanda:

Estava à toa na vida

O meu amor me chamou

Para ver a banda passar

Tocando coisas de amor

A minha gente sofrida

Despediu-se da dor

Para ver a banda passar

Cantando coisas de amor

(...)

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou

Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou

A moça feia debruçou-se na janela

Pensando que a banda tocava pra ela (...)

Agora, faça a análise sintática, separando em sujeito e predicado as orações retiradas do texto. Observe o exemplo:

“O meu amor me chamou”.

Sujeito simples: O meu amor

Núcleo sujeito: amor

Predicado Verbal: me chamou

Núcleo PV: chamou (ação)

a) ”Estava à toa na vida”.

b) ”A minha gente sofrida/despediu-se da dor”.

c) ”O velho fraco se esqueceu do cansaço”.

d) ”e pensou”.

e) “ainda era moço”.

f) ”A moça feia debruçou-se na janela”.

17) Grife o predicado das orações abaixo, classificando-os em Predicado Verbal (PV), Predicado Nominal e Predicado Verbo-Nominal. Circule o núcleo de casa um dos predicados:

a) A criança lhe obedecia cegamente.

b) Eu parecia exausto.

c) A noite estava estrelada.

d) Ele saiu cedo.

e) João encontrou a namorada abatida.

f) O motoqueiro anda cansado.

g) Eu tenho um vidro de tinta.

h) Rezo minhas preces todas as noites.

i) O juiz julgou acertada a opinião das testemunhas.

j) Todos acharam Sônia encantadora.

l) A máquina de escrever precisa de reparos.

m) A lua permanecia escondida.

n) Gosto muito de livros.

o) O homem recebeu a notícia eufórica.

p) O rapaz parece preocupado.

q) Susana era jovem.

r) Encontrei alguns amigos no cinema.

s) Todos estavam animados.

18) Leia as alternativas abaixo e assinale somente as corretas:

a) ( )Em uma oração, sempre que houver verbo de ligação haverá predicativo do sujeito.

b) ( )Nunca haverá predicado nominal se o verbo da oração for de ação.

c) ( )Só há predicado nominal com verbo de ligação.

d) ( )O predicado verbal é formado por verbos de ação.

e) ( )O predicado verbo-nominal só tem um núcleo.

19) Complete os predicados nominais abaixo com o predicativo do sujeito. Grife o verbo de ligação:

a) A festa estava _________.

b) A mulher parecia muito _________ durante a reunião.

c) A chuva continua _________.

d) Meus pais estão _________ por causa da viagem.

e) Depois do acidente, Mário ficou _________.

20) Leia o texto e responda as questões:


Século do Progresso

A noite estava estrelada.

Quando samba se formou

A lua veio atrasada

E o samba começou.

Entretanto, ali bem perto,

Morria de um tiro certo

Um valente muito sério,

Professor dos desacatos.

Ensinava aos pacatos

O rumo do cemitério.

Chegou alguém apressado,

Naquele samba animado

Que, cantando, assim dizia:

No século do progresso

O revólver teve ingresso

Pra acabar com a valentia.

Noel rosa. In Literatura Comentada

São Paulo, Abril Educação, 1982.


a) Em relação à primeira oração: “A noite estava estrelada”:

* Copie o predicado e classifique-o:

* Classifique o verbo quanto à predicação:

* Dê a função sintática da palavra estrelada.

b) Das orações “A lua veio atrasada” e “Chegou alguém apressado”:

* Copie o sujeito e o predicado de cada uma:

* Classifique o predicado:

* Dê a função sintática das palavras atrasada e apressado.

c) Faça a análise sintática das orações:

* “... o samba começou”.

* “Ensinava aos pacatos/ o rumo do cemitério”.

21) Some as duas orações (PV+PN) e escreva uma terceira com predicado verbo-nominal:

a) A moça chegou ao shopping. A moça estava cansada.

b) Os alunos assistiam à peça. Os alunos estavam interessados.

c) Nós elegemos Carlos. Carlos será representante de classe.

d) O juiz julgou o réu. O réu era inocente.

22) Reescreva as orações com predicado verbo-nominal, transformando cada uma delas em duas orações: uma com predicado verbal/ outra com predicado nominal:

a) Nervosa, Maria leu a notícia.

b) Vamos eleger Eduardo presidente do clube.

c) Os visitantes, apressados, retiraram-se.

d) Julguei sua atitude desonesta.

23) Classifique as palavras destacadas em predicativo do sujeito ou predicativo do objeto :

a) Marta encontrou Fernando agitado.

b) O bebê dorme tranqüilo.

c) Este animal é selvagem.

d) Julgamos importante a escola.

e) O metrô nunca chega atrasado.

f) Todos o chamavam de palhaço.

24) Leia o trecho a seguir:

Todos os anos, no dia de seu aniversário, o patrão oferece-nos um almoço. Um gigantesco toldo é montado no pátio da fábrica e ali, em compridas mesas, sentamos todos, os seiscentos e tantos operários, os capatazes, os chefes de seção, para saborear uma lauta e substancial refeição: salada de bata, frango, arroz, feijão, massa. Um cardápio escolhido pelo próprio patrão que é, como ele mesmo faz questão de assinalar, uma pessoa de gostos simples. Mas com o pé na terra.

Moacyr Scliar. A ovelha de Van Gogh: contos.

São Paulo. Companhia das Letras, 1989, pág.103.

a) Indique o sujeito e o predicado da primeira oração do trecho.

b) Quantas orações há no segundo período do trecho?

c) Identifique o sujeito de casa uma dessas orações (letra B) e classifique-os.

d) Indique e classifique o predicado da primeira oração do segundo período.

25) Leia um trecho do romance Vidas Secas:

“Fabiano roncava de papo para cima, as abas do chapéu cobrindo-lhe os olhos, o quengo sobre as bonitas de vaqueta. Sonhava, agoniado, e Baleia percebia nele um cheiro que o tornava irreconhecível. Fabiano se agitava, soprando. Muitos soldados dos amarelos tinham aparecido, pisavam-lhe os pés com enormes reiunas e ameaçavam-no com facões terríveis”.

Graciliano Ramos. Vidas Secas.

Rio de Janeiro, Record,2008,pág.82

a) Apenas um dos verbos destacados não é significativo, ou seja, indica estado ao invés de ação. Que verbo é esse?

b) Indique e classifique o sujeito das formas verbais: roncava, sonhava, se agitava, tinham aparecido.

c) Indique e classifique o predicado dos seguintes sujeitos:

*Fabiano -___________________________________________________________________________________

*Ele (Sujeito elíptico ou oculto) -_________________________________________________________________

*Muitos soldados amarelos –____________________________________________________________________

26) Leia as frases:

* No Aquário de São Paulo há diversão garantida com muitas atrações.

* Os alunos do 9º ano prestaram uma homenagem ao professor de matemática.

*Existe, no Brasil, um grande número de indigentes.

* A leitura de um bom livro amplia nosso conhecimento.

* No processo de urbanização, surgiram às favelas.

* A melhoria de vida nas grandes depende de transformações sociais.

a) Indique os verbos das orações. Todos os períodos são simples? Justifique.

b) Informe a função sintática desses verbos. Justifique.

c) Classifique os predicados das orações. Justifique sua resposta.

27) Leia as frases a seguir:

* O trânsito permanece caótico nos grandes centros.

* A realidade nas periferias das cidades torna-se preocupante para os governos.

* A vida no campo parece mais tranquila.

a) Nessas frases verbais há um tipo comum de verbo. Qual é?

b) Esse tipo de verbo forma qual predicado?

28) Leia o trecho a seguir:

“O Saci é um menino fantástico, brasileiro, negro. Tem só uma perna e o olhar muito esperto. Costuma vestir uma touca vermelha e trazer na boca um cachimbo porque gosta de fumar. Muita gente o tem como um ser maléfico. Mas isso é exagero. O Saci é endiabrado, mas não diabólico. É mais dado a brincadeiras que a malefícios. Astuto, tinhoso, diverte-se fazendo gozações,dando sustos, aprontando trapalhadas.

Segundo o folclorista Câmara Cascudo, o Saci pronto e acabado como o conhecemos – é originário do Sul do Brasil. Em Roma e Portugal, há seres semelhantes a ele. E, recentemente, Há quem diga ter notado sua presença na Austrália, em Madagascar e na famosa excursão Londres-Liverpool-Dublin.

Samir Meserani. Os incríveis seres fantásticos.

São Paulo: FTD, 1997, pág. 25

a) Para representar algumas características do Saci na primeira oração, ou seja, para usar os adjetivos (nome morfológico) ou predicativo do sujeito (nome sintático), qual é o verbo usado?

b) Que tipo de verbo é esse (nome) e qual sua função?

c) “O saci é um menino fantástico, brasileiro, negro”. As palavras destacadas referem-se ao sujeitou “saci”. Que nome recebem essas características do sujeito contidos no predicado?

d) Que termo funciona como núcleo nesse predicado?

e) Como se classifica esse predicado?

f) ”Mas isso é um exagero”. Sobre essa oração indique:

*O sujeito e o predicado -

*O tipo de verbo quanto à predicação –

*O predicativo do sujeito –

*O núcleo do predicado –

*O tipo de predicado –

29) Leia os versos de Carlos Drummond de Andrade:

Clara passeava no jardim com as crianças.

O céu era verde sobre o gramado,

A água era dourada sob as pontes,

Outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,

O guarda-civil sorria, passavam bicicletas,

A menina pisou a relva para pegar um pássaro,

O mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo ao redor de Clara [...]

Calos Drummond de Andrade. Poesia e prosa.

Rio de janeiro: Nova Aguilar, 1988, pág.72.

a) Indique e classifique quanto à predicação, o verbo do 1º verso. (*)

b) Classifique o predicado nesse verso, indicando seu núcleo.

c) ”a menina pisou a relva [...]”. Classifique o predicado.

e) Qual é o núcleo dos predicados nesse verso?

f) Identifique os versos formados de predicado nominal e copie os predicativos se deus respectivos sujeitos.

30) Nas orações a seguir, identifique os predicativos e classifique-os em predicativo do sujeito ou do objeto:

a) Naquela noite, tudo parecia tranqüilo na cidade maravilhosa.

b) Os rapazes encontraram a garota desfalecida no parque.

c) Muitas pessoas o consideram um rapaz bastante elegante.

d) O diretor da escola saiu desanimado da reunião; os professores estavam indiferentes em relação ao trabalho sobre cidadania.

31) Leia, a seguir, trechos do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

* “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do bebedouro [...]”.

* “Os braços penderam, desanimados”.

* “Fabiano ouviu os sonhos da mulher, deslumbrado [...]”.

* “E Baleia fugiu precipitada [...]”.

a) Identifique e classifique os predicados das orações.

b) Identifique e classifique os predicativos.

c) Indique os núcleos dos predicados.

d) Classifique os predicados.

32)Leia as orações a seguir:

*Os governadores saíram animados da reunião com o presidente.

Os alunos realizaram a pesquisa felizes.

*Os governadores pareciam animados na reunião com o presidente.

Os alunos continuaram felizes com a pesquisa.

a) Agora, compare os dois blocos. Em seguida, destaque e classifique os predicados.

b) Destaque e classifique, em seguida, os predicativos do sujeito.